[PATRULHA] Morro do Escorpião

"Foi detectado uma atividade anormal próxima a uma favela na Zona Norte, suspeita de um alerta de desperto. Enviaremos por precaução dois agentes para inspecionar o local.
As diretrizes do Controle decidiram enviar os Recrutas Leonardo e Esmeralda, para que possam inspecionar o local e terem sua primeira missão de campo.
Ordem e progresso; Câmbio e desligo."
A mensagem transmitida é uma voz feminina computadorizada, enviada para os dispositivos especiais dos agentes envolvidos na patrulha.

O morro do Escorpião era famoso por ser um dos morros mais temidos do Rio, talvez o mais temido da Zona Norte. A noite escura tomava o horizonte, enegrecendo os telhados das casas mal instaladas, tornando visíveis os caminhos iluminados que compõem as ruelas tortas da favela.

O local já era um velho conhecido do Controle. Lá, há anos, fora registrado o despertar de seis pessoas ao mesmo tempo, num ato causado por despertos extremistas, munidos por cápsulas de targantium. Agora, uma nova detecção acendeu o alerta na base do Controle de Sobre-Humanos, que enviou dois agentes próximos da região para averiguar a situação e apreender o novo desperto. O que eles estavam fazendo antes não fica a cargo do departamento.

— Bzzzt... recrutas Rocha e Almeida... o sistema de detecção de despertos alertou para um possível novo desperto em... bzzzt... Morro do Escorpião... a localização da detecção será enviada... bzzzzt... seus dispositivos de GPS terão... bzzzt... o local exato... bzzzt... da detecção. Averiguem o... bzzzt... caso.

---

Informações:

Noite fria, noite ansiosa. Uma primeira noite de patrulha, tudo pronto, arrumado. Estávamos dirigindo um carro Grand Siena Preto, disponibilizado pelo Controle. Já tinha o visto algumas vezes, vadiando pela Sede do Controle ou então perto da maquina do cafezinho. Mas sabia que ele era encrenca, mas bem, vou questionar o que o Controle decide a cerca das missões? Sou só uma Ex-PM. Meus superiores devem ser mais sábios que eu e toda essa besteira de fazer missão com um, "malandro" no final das contas tenha algum sentido..
- É... você poderia emprestar seu telefone? Eu tenho alguns amigos que talvez possam nos ajudar a... Você mesmo vai me ignorar durante nossa missão inteira?
Enquanto dirigia, não parava de observar o malandro. Não que suspeitasse que ele poderia abrir a porta do carro se jogar e fugir, é só que... era minha primeira missão de campo depois de um tempo como Agente Técnica e não queria que nada "fugisse do controle". Continuei dirigindo, o clima ali dentro não er aum dos melhores.
- Como é estar na primeira sua primeira missão no Controle, e saber que pode morrer antes mesmo de poder dizer um "quero um aumento"? Pra mim é animador. Minha tentativa de cortar o climão não funcionou. O jovem então mostrou um dispositivo em seu braço, desconhecia do que se tratava, mas a forma como apresentou aquilo.. soou... ilegal.

— Bzzzt... recrutas Rocha e Almeida... o sistema de detecção de despertos alertou para um possível novo desperto em... bzzzt... Morro do Escorpião... a localização da detecção será enviada... bzzzzt... seus dispositivos de GPS terão... bzzzt... o local exato... bzzzt... da detecção. Averiguem o... bzzzt... caso.

Pega, p*rra. Ação. Era isso o que eu queria! Segui o endereço do GPS em um dispositivo localizado entre o Rádio e o Ar-Condicionado, acelerei mais e em pouco tempo chegamos no local. Descemos juntos do Carro, ambos armados, Leonardo foi se esconder nas sombras. Eu decidi ir andando pelo meio da rua, essa que era pouco movimentada dada a hora da noite - Eles não mordem - falei para mim mesma, em um tom baixo, enquanto afagava uma pequena garotinha que passava ao meu lado. Percebia que o Agente Almeida estava meio aflito, parecia até nervoso. Liguei o comunicador e perguntei: "Nunca entrou no morro, foi? Há poucas pessoas nas ruas, aposto que o desperto não vai estar nela", em seguida o desliguei e me escondendo nas sombras, tentei segui-lo. - agora é só esperar não? - me agacho enquanto fico de olho no detector.

O smartphone dos agentes mostrava um mapa extremamente detalhado do Morro do Escorpião, mas tantos detalhes talvez não importassem para a dupla. Tudo o que era necessário saber era, meramente, a localização do possível desperto.

Conforme subiam as ruelas do morro do Escorpião, notaram que a movimentação na favela estava comum. As pessoas iam e voltavam, várias das casas tortas e coladas umas às outras tinham luzes brilhando em suas janelas, e havia um funk sendo tocado em algum bar próximo de onde eles caminhavam. O mapa deles, por sua vez, indicava que eles deveriam subir mais o morro. Cada passo os deixavam mais próximos de seu destino, mas foi aí que a dupla de agentes percebeu algo: até aquele momento, não tinham visto um funcionário do tráfico ainda. Aquele morro era conhecido por ter traficantes e seus funcionários andando por aí, ostentando armas... mas por que não tinham visto ninguém assim ainda?

Num certo local do morro, já próximos ao destino, ambos perceberam algo... o pontinho estava se movendo! E, de repente, tiros foram escutados pela dupla. Os disparos vinham da mesma direção da qual o ponto estava se movendo. Um confronto? Talvez... mas só havia uma forma de saber.

Começando uma corrida na direção do ponto de confronto, os tiros pareceram intensificar-se, mas nenhuma bala parecia vir na direção dos agentes do Controle. O foco era outro. Cada vez mais iam se aproximando, até que puderam ver uma espécie de campo de futebol... e vários corpos caídos no chão. Todos os mortos portavam armas de grosso calibre. No meio deles, uma mulher estava em pé, com uma esfera de metal totalmente vermelha pelo sangue flutuando ao seu redor. Ela olhou para os dois agentes, e arqueou uma sobrancelha, deixando a esfera metálica cair e rolar para longe. A esfera só parou diante dos pés de Leonardo, que pôde ver do que era composta aquela esfera: balas.

— Afastem-se! Eu avisei ao Evaldo que isso ia acontecer se ele ameaçasse minha família! — gritou a mulher, encarando a dupla de agentes. — Se vocês se aproximarem, vão virar presunto, filhos da puta!

Informação OFF:

Após a imagem do mapa aparecer com a localização do desperto, comecei a caminhar na direção de nosso objetivo, mas encarando Esmeralda. Seu comentário não havia me agradado, no entanto ela também parecia tensa com a missão.

"Caçar uma aberração na porra de um lugar desse realmente não é como visitar um parque de diversão... Mas é pior entrando vestido como agente secreto e tendo que agir como um tira" - Pensei enquanto encarava a roupa preta que o controle havia me fornecido - "Só espero que eles me forneçam logo roupas normais..."


No caminho, fiquei olhando para os lados, observando os moradores e curtindo um pouco a música que era tocada. Algumas pessoas nos encaravam, porém outras preferiam ignorar e seguir com a vida deles. Após um tempo, comecei a estranhar algo... a ausência de membros do tráfico.

-Tá tranquilo demais essa porra... - Comentei com minha parceira e seu rosto também demonstrava estranheza com aquilo - Morro mais violento dessa cidade e nenhuma merda de Zé fuzilzinho ostentando sua arma na rua. Nenhum fogueteiro, vendedor ou nada. Alguma treta tá rolando.

- Será que o desperto está relacionado com isso? - Esmeralda perguntou, já andando mais com cautela

-Provável... Heh... Talvez um ser daqueles tenha devorado todos os traficantes - Falei  dando uma risada forçada em seguida, mas me sentia tenso no momento... Pois quando vi os despertos pela primeira vez, parte deles possuíam presas enormes e semelhanças de animais.

Chegando perto da localização do nosso alvo, percebemos pelo nosso detector que o desperto estava se movimentando... ao mesmo tempo que sons de tiros começaram a pipocar, vindo a direção que deveríamos seguir.

-Caralho! Nem em Ururaçu eu já escutei tanto disparos... - Fico com armas em mão e começo a correr junto com a Esmeralda

Após um tempo correndo, chegamos perto de uma quadrinha esportiva do complexo... Onde se encontrava um completo massacre de escórias da sociedade, armados até os dentes... Com uma mulher com um olhar de extremo ódio acompanhada de uma sinistra esfera avermelhada.

-Isso é um desperto... ou a bruxa de blair? - Sussurro para Esmeralda enquanto a gente se aproximava... Ambos estávamos assustados com aquilo, principalmente após tal mulher começar a nos encarar e com a esfera caindo... e rolando na minha direção.

"Mas que porra é essa?" - Arregalo os olhos e intensifico minha respiração ao ver do que se tratava tal esfera vermelha... Uma esfera formada por balas amontoadas cobertas de sangue - "Caralho... Balas não vão funcionar com essa vadia..."

— Afastem-se! Eu avisei ao Evaldo que isso ia acontecer se ele ameaçasse minha família! — gritou a mulher, encarando a dupla de agentes. — Se vocês se aproximarem, vão virar presunto, filhos da puta!

"Mãe..." - Ao escutar a palavra família, acabo pensando em minha mãe... - "Eu não posso morrer numa porra de lugar desses e te deixar na merda... Porra Leonardo... Lembre-se de seu treinamento do maldito mordomo... Essa mulher pode ser derrubada... Só precisa fazer do jeito certo" - Começo a controlar minha respiração e me concentrando na missão.




-Senhora, nós não estamos aqui para ferir nem a você e nem para sua família. - Falo olhando diretamente para os olhos dela, colocando meu revolver e meu canivete no chão, bem visível para ela. - Nós dois viemos para ajudar e conversar... Confie na gente - Falo enquanto começo a caminhar na direção dela, mantendo o contato do olho com os braços para cima.

"Primeiro... ganhar a confiança... Depois aplicar o golpe..."
Tento me aproximar da desperta de forma pacifica... para depois tentar imobilizar ela e aplicar nela uma dose de morfina.

A tranquilidade do morro era estranha tanto para mim quanto para o Leonardo. Depois que o mapa apareceu em nossos dispositivos, começamos a caminhar em direção ao nosso objetivo. Depois de um tempo caminhando, escutamos um barulho de tiros, os moradores ficaram em alerta por um instante e pode-se ver algum porre levantando da mesa assustado.

- Mas que porra é essa? - sem ao menos pensar, corri para a direção do barulho dos disparos - que tiro foi esse? - e depois de um tempo correndo, chegamos em pequeno "campo" de futebol. A areia e grama, se misturavam ao sangue de muitos homens (fortemente armados) no chão. Uma mulher que parecia assustada e ao mesmo tempo extremamente puta. Além daquele treco vermelho. - Isso é um desperto... ou a bruxa de blair? - sussurrou para mim o Recruta Almeida.
- Não sei. Só espero que ela não lance essa porras de macumbaria para cima de nós ou essa.. almondega gigante. - aparentemente, atirar nela não surtiria muito efeito. Nossa abordagem teria que ser mais digamos, "carismática" do que hostil.
- Afastem-se! Eu avisei ao Evaldo que isso ia acontecer se ele ameaçasse minha família! - gritou a mulher, encarando a dupla de agentes. - Se vocês se aproximarem, vão virar presunto, filhos da puta!

Foram precisos poucos olhares para entender qual era a do Leonardo: ele iria querer aplicar o sonífero na desperta. Bem, não ia deixar ele sozinho nessa, mas também não ia interromper o seu trabalho, se ele quisesse ajuda na negociação, eu apenas afirmaria e completaria suas frases. Me aproximei na mesma velocidade que ele, caso algo desse errado, tentaria puxar ele de volta.

Rolagens:

---

Leonardo se aproximava devagar da desperta, que mantinha seus olhos nele. Ela parecia aflita, nervosa. Era possível vê-la tremer. O medo, a confusão e a ira estavam estampados em seu rosto. A mulher tinha um desejo de vingança no olhar. Mas... as palavras do malandro até que a acalmaram um pouco, e a fizeram relaxar.

— V-vocês podem... podem me ajudar mesmo?

A mulher deu alguns passos, e imediatamente se arrependeu de ter baixado a guarda. Leonardo saltou contra ela, a imobilizando e pronto para aplicar a dose de morfina. A agulha já estava pronta para atravessar a pele do braço da desperta, até que...

— Ora... EU CONFIEI EM VOCÊ!

Leonardo bem que tentou enfiar a agulha na mulher, mas viu que sua ponta havia sido dobrada e inutilizada. Isso o fez baixar a guarda, permitindo que a mulher se soltasse e, com uma fúria incontrolável, disparasse a esfera de balas contra Leonardo. Esmeralda bem que tentou puxá-lo, mas apenas conseguiu após a grande bola de balas retorcidas atingisse o ombro esquerdo do agente do Controle, deslocando-o. O agente urrou de dor, mas a tendência era que este urro durasse mais... principalmente por que, agora, a mulher flutuava diante deles, e as armas dos traficantes girassem em seu entorno, como se fossem atraídas por uma órbita magnética.

— EU AVISEI! VOCÊS SÃO OS PRÓXIMOS!

Todas as armas, subitamente, se viraram na direção dos agentes. Estariam carregadas? A mulher conseguiria dispará-las contra eles? As coisas seriam bem difíceis agora...

---

Informações OFF:

"Merda... Quase derrubei a monstrinha..." - Penso ajoelhado enquanto fico com meus olhos cerrados pela dor e pondo minha mão direita sobre o meu "dispositivo mortal". - "Espero que essa bombinha do controle sabe a diferença de bolada de ferro e tentativa de fuga... Vai ser uma merda derrubar essa mulher..." - Olho para a agente Rocha... e faço um sinal com minha mão direita para ela chamar reforços enquanto fico bufando de dor.

— EU AVISEI! VOCÊS SÃO OS PRÓXIMOS!

As armas ficam apontadas para nós dois e vários perguntas pipocam em minha cabeça, enquanto minha respiração intensifica por causa da dor e pela situação de perigo - "Porra Leo! Foco! Não vai deixar essa lady Gaussiana te intimidar! Pense..." - Começo a tirar meu paletot com minha mão direita deixando meu colete de Kevlar exposto... Então um plano de emergência vem em minha mente.

-Hehehe... Pelo visto a garota ímã não atrai só o perigo com a sua beleza... mas também repeliu suas chances de fazer pelo jeito fácil. Não venha choramingar depois. - Falo com um sorriso no rosto.

Pego meu paletot e o lanço na direção da desperta, com intenção de atrapalhar ela. Em seguida faço um sinal para minha parceira correr pelo nosso lado direito enquanto corro pelo lado esquerdo em volta da desperta.

"Terei que apelar para correr e bater... Tá na hora do pique e pega"

Tento sair da mira das armas enquanto procuro uma abertura para tentar avançar e socar a desperta com meu punho direito.

---

Dados:

---

Tudo foi rápido demais. Leonardo tentou agir velozmente, arremessando seu paletó contra a desperta. O paletó, entretanto, sofreu com a força do vento do local, caindo longe da magnetocinética. Isso foi tempo suficiente pra Esmeralda tocar o alerta para a central e para Leonardo começar a correr. E tempo o suficiente para a desperta fuzilar os agentes.

Leonardo rapidamente sentiu balas perfurarem sua perna direita e atingir-lhe no braço esquerdo novamente, e deu graças a Deus por estar vestindo o colete de kevlar, que lhe permitiu proteger-se de um tiro no peito. Esmeralda, entretanto, não teve a mesma sorte. O primeiro tiro a atingiu no colete, mas o segundo atingiu o suporte que prendia o colete no tórax dela, permitindo que o terceiro disparo lhe perfurasse o pulmão, a derrubando imediatamente.

A desperta estava ofegante, mas ainda conseguia flutuar no ar. Ela começou a se aproximar mais ainda dos dois agentes, pronta para matá-los e deixar seus corpos ali, estirados, até que algo chegou à sua cabeça. Quem via de fora não poderia saber o que era, mas ela parecia sentir algo. Sem hesitar, a desperta deixou as armas caírem no chão e pousou nele, começando a correr pra dentro da favela. Leonardo pôde ver tudo aquilo, mas o que poderia fazer? Estava derrubado. Mas Esmeralda... ela estaria viva ainda? Foi aí que tudo se apagou para o agente.

2 horas depois...

— Agente Almeida... que ideia imbecil foi essa? O que tu aprendeu na porra do seu treino!? — berrou o capitão Fontes, chefe da divisão do Controle do Rio de Janeiro. — Confiamos em ti uma missão dessas, e tu nem chamou ajuda, nem pensou direito! Tu queria se matar lá, porra?

Leonardo não podia falar. Estava na enfermaria, sendo costurado e enfaixado. Isso não impediria-lhe de falar, certamente. Mas a presença do capitão Fontes era poderosa. Não adiantaria falar nada, ele apenas teria que ouvir.

— Por tua culpa, temos uma agente na UTI, lutando pra sobreviver, e uma aberração que controla metais soltas no Morro do Escorpião! Enviamos quatro equipes de agentes para tentar pegá-la, mas ela simplesmente não foi localizada! E tudo por tua causa! Seu inútil!

A fama do capitão era de ser uma pessoa agressiva, certamente. Suas palavras eram pesadas. Mas Leonardo não imaginaria que iria levar um tapa no rosto. Um tapa que fez até mesmo a enfermeira se afastar, para esperar um melhor momento de prosseguir com o tratamento.

— Essa foi tua primeira missão no Rio, e a última também. Depois que a enfermeira te costurar, tu vem pra minha sala. Vamos preparar uma transferência pra ti... tu vai pra São Paulo. Vou te deixar como problema pro filho da puta do Comandante Macedo. Mas no Rio tu não trabalha mais! Foda-se aquela mina que é tua namoradinha, tu vai pra São Paulo!

Após falar aquilo, Fontes saiu esbravejando, batendo a porta da enfermaria com tudo. A enfermeira, então, voltou a tratar de Leonardo, passando um algodão com álcool no local do tapa, e começou a puxar conversa com ele. Sua voz era passional. Talvez fosse isso que ele precisasse agora.

— Agente Almeida, se serve de consolo... deixe o tempo passar. O capitão Fontes costuma ser um tanto quanto... explosivo. Mas eu te garanto que tu não vai pra São Paulo. É muita burocracia transferir um agente de setor, e o Fontes detesta preencher papeladas. Fica tranquilo, tá? Mas não deixe de ir conversar com ele

 
FIM DA PATRULHA

Informações Finais: